[Resenha] O verão das bonecas mortas

Autor: Toni Hill

Um romance policial que acerta em cheio ao construir uma trama instigante, com personagens complexos, atmosfera envolvente e muitas reviravoltas. Com um protagonista forte e bem construído, a trama conta também com personagens secundários que pouco a pouco ganham luz e ajudam a iluminar dois mundos diferentes na mesma cidade: um mundo de gente rica e privilegiada em contraste com o universo do tráfico de mulheres e de contraventores de pequeno porte.

Fazia tempo que eu não pegava um romance policial para ler, eu gosto muito do gênero, mas acho que é uma leitura que merece ser lida com calma e atenção, por isso só agora decidi escolher um livro desse estilo para ler. E se bobear, vou aproveitar que já tenho a continuação (sim, é série! \o/) e leio antes do mês acabar, veremos! Enfim, como eu disse, eu adoro o gênero, e não poderia ter deixado de amar O verão das bonecas mortas. Ele tem tudo que um bom romance policial pede: crimes, mistérios e personagens marcantes. No entanto, a leitura não "engrenou" de primeira, pelo menos para mim. A narrativa do autor é boa, ainda mais que temos o ponto de vista de vários personagens da trama, mas tudo é meio parado no início e as coisas só começam a ficar realmente boas quase no final.

O autor trabalhou muito bem com os crimes, aparentemente nenhum deles têm nada em comum e nem parecem estar ligados, tipo, de jeito nenhum, mas o Toni prova que nem tudo é o que parece. E realmente não é! Pois dei cada furo em tentar descobrir o assassino de um dos crimes que foi até vergonhoso cair em algo óbvio. Sabe quando você está ciente que o autor deu uma pista óbvia, mas não é realmente aquilo? Pois é, apesar disso, tive total certeza que não poderia ser diferente daquilo, e isso é o genial em livros do gênero. Nada é o que parece, e é aí que os autores nos ganham e nos fazem não largar mais o livro enquanto não descobrir a verdade. Simples assim.

A trama toda é muito bem elaborada, já no início nos deparamos com a cena de uma criança morta em uma piscina cheia de bonecas (por isso a capa), então quando continuamos a leitura nos deparamos com outra cena diferente. Não é algo sutil, e até faz o leitor se perder nessas mudanças de cenas, mas no ritmo vamos nos acostumando. Além desse crime, acompanhamos a história de Mark e da noite em que ele caiu da janela e morreu. Até então, tudo foi um acidente, até que resolvem colocar o detetive Héctor na investigação e mais uma vez vemos que nem tudo é o que parece...

Héctor não é um personagem muito carismático, até porque não aparece só ele, sabem? O autor dá um espaço para todos personagens principais, sendo assim, não temos um contato diretamente com ele, ainda mais por ser uma narrativa em terceira pessoa. Porém, ele é o foco da trama em si, conforme vamos lendo, percebemos que há toda um outro enredo sendo desvendando a partir da vida de Héctor, e que nos dará um gancho para o próximo livro.

A questão é manejar essa emoção, contê-la para não provocar um mal maior. A fúria pode ser aceitável nesta sociedade; agir movido por ela é mais discutível. Acabaríamos justificando tudo, não acha?

Aliás... Que final! E não poderia ser diferente, o desfecho não foi nada previsível já que o autor não nos deixou nenhuma pista concreta e fomos realmente desvendando os casos junto com os detetives. É uma leitura de tirar o fôlego, principalmente quando vai se aproximando do final, não poderia deixar de recomendar! Vale a pena a leitura.