[Resenha] Áurica

Autora: Gina Rosati

Anna Rogan é uma garota aparentemente normal, mas esconde um grande segredo: ela consegue sair do corpo e fazer viagens astrais. Quando ocorre um acidente fatal, Taylor, uma colega de escola, toma posse do corpo de Anna e passa a viver como se fosse ela, ameaçando transformar o incrível passatempo num verdadeiro pesadelo. Diante da perspectiva de ficar presa no vácuo e nunca mais ser vista, ouvida ou tocada, Anna resolve pedir ajuda a seu melhor amigo, Rei. Agora os dois têm não só que recuperar o corpo de Anna como também impedir Taylor de acusar um amigo em comum de ser responsável pela sua morte. Juntos, Rei e Anna arquitetam um plano para salvar o amigo, mas são surpreendidos pela paixão que começa a brotar entre eles.

Áurica traz um tema bem interessante, mas que ainda não tinha lido em livros de ficção, que é a projeção astral. Unido a esse elemento a autora ainda nos apresenta uma trama instigante ao mostrar que fazer seu espírito viajar fora do corpo pode ser muito perigoso. E enquanto as pessoas adoram quando o livro é único, eu fiquei triste quando terminei a leitura e fui correndo ver se tinha continuação e, não tem! ):

Anna consegue fazer projeções astrais desde criança, e a única pessoa que sabe disto é seu melhor amigo, Rei. Conforme os dois crescem, Rei começa a achar isso o que Anna faz muito perigoso. E é então que realmente tudo acaba dando errado quando Taylor morre na cachoeira e acaba tomando o corpo de Anna. É com essa premissa bem elaborada que a autora nos faz acompanhar o sofrimento de Anna ao querer voltar para seu corpo. Taylor já deixou bem claro que não vai sair. Junto com Rei, eles precisam achar uma maneira de tirá-la de lá e impedir que ela acuse o amigo deles, Seth, de ter a assassinado.

Quando vê o meu rosto refletido no espelho, solta um gemido não humano. É a minha voz, mas com algo diferente. O tom é meu, mas a inflexão é diferente, de alguma forma familiar...
Aquela vaca!
É a Taylor no meu corpo!

Taylor muda drasticamente a vida e o corpo de Anna. Com roupas vulgares, maquiagem pesada e vários piercings, ela fica irreconhecível. Claro que tomar a vida de alguém que você nem conhece não daria muito certo, é por isso que ela alega que perdeu a memória quando bateu a cabeça. No fim, não tem como sentir raiva dela, afinal, ela perdeu a vida e mesmo no corpo de outra pessoa, precisa assistir seu velório e sofrimento dos pais.

A amizade de Anna e Rei é muito linda, e com esse acontecimento só acaba os unindo mais ainda, já que ela consegue se fazer aparecer para ele. O que mais me irritou na história é a família de Anna. Ela tem um pai alcoólatra que passa o dia bebendo em frente à televisão, sua mãe o defende, dizendo que depois do acidente que ele teve, nunca mais foi o mesmo. E o que dá mais raiva nisso tudo é que ela compra as bebidas, simples assim. É por isso que fazer suas "viagens" para lugares do mundo a alegram, pois é uma forma de se libertar de uma família quebrada e sem estrutura.

A narrativa do livro é muito fluída e agradável, pois acabamos acompanhando a vida de várias pessoas ao mesmo tempo. A autora nos apresenta uma história bem elaborada que prende o leitor até a última página. E quase no final a autora me deu um susto enorme, fiquei pensando: "você não vai fazer isso, né?", rs. O bacana é que apesar de ser sobre um assunto religioso, Gina em nenhum momento nos força sobre essa questão, o foco é apenas o fato de conseguir fazer o espírito sair para fora do corpo, como já ouvimos falar que acontece quando dormimos. Então, a partir daí ela nos agrada com um enredo sensacional e encantador. Livro recomendado!